sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

O que é a Filosofia Política?

A Filosofia Política corresponde ao estudo crítico da natureza, justificação e extensão do estado. Na realidade estes são os grandes problemas desta área da filosofia. Para demonstrar a sua enorme importância, podemos socorrer-nos de um exemplo concreto oportuno: os debates sobre a reconstrução do Iraque.
Como se sabe, na Primavera de 2003, os militares dos Estados Unidos da América entraram em Bagdad, capital do Iraque, e acabaram com o regime opressivo do ditador Saddam Hussein. Enquanto o regime ruía, os iraquianos respondiam nas ruas de Bagdad de forma bastante dramática. Ao mesmo tempo que muitos enchiam as ruas da capital aclamando os militares norte-americanos como seus libertadores, outros haviam que procuravam roubar tudo quanto podiam. Ironicamente, um dos artigos roubados foi o famoso corpo de leis da antiga Babilónia com mais de 3800 anos - o Código Hammurabi.
A seguir, surgiram inúmeras disputas sobre como devia ser a reconstrução do Iraque – se devia ser um estado islâmico ou um estado laico; se os seus recursos deviam ser públicos ou privados; e se o Iraque era ou não capaz de manter uma forma democrática de governo.
Como se pode facilmente perceber, todos os factos políticos são objecto da reflexão crítica do filósofo. Por exemplo, os governos são, de alguma forma, como os organismos vivos e têm, por isso, um início e um fim, e as questões filosóficas surgem em cada etapa do ciclo vital de um governo, pelo que podemos começar por questionar o que justifica, se é que há alguma justificação, o aparecimento dos governos. Uma vez que os governos são instituídos, podemos investigar se devem focalizar-se nos interesses dos cidadãos individualmente ou então no bem colectivo da comunidade. Na medida em que os líderes emergem, podemos reflectir sobre o tipo de padrão moral que queremos para eles. Na medida em que os governos criam leis que restringem as nossas actividades, podemos questionar que outros limites se devem estabelecer à acção coerciva do estado. E se os governos ultrapassarem os limites definidos, podemos perguntar se a desobediência à lei e até a revolta são justificáveis.

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