domingo, 10 de fevereiro de 2008

Será o aborto moral? (I)

A tarefa que distribuí aos meus alunos do 10º ano (ano lectivo 2006/07) foi que me respondessem ao problema "Será o aborto moral?". A resposta devia ser dada através de ensaio e devia respeitar escrupulosamente, entre outros aspectos, a bibliografia indicada (sob pena de penalização significativa). Os objectivos eram:
a) Elaborar um ensaio filosófico para responder ao problema da moralidade do aborto.
b) Definir com clareza e rigor o problema de ética aplicada em análise.
c) Enfrentar os problemas conceptuais relacionados com os conceitos centrais do problema da moralidade do aborto para evitar ambiguidades conceptuais.
d) Apresentar TESES e ARGUMENTOS a favor ou contra a possibilidade de justificar moralmente o aborto.
e) Tomar posição de forma consistente, autónoma e crítica.
O João, o Ricardo e o Ruben do 10º C apresentaram o ensaio que começarei hoje a publicar.
...
O presente ensaio trata do problema da moralidade do aborto e desenvolve-se em três fases. Começaremos por abordar as questões conceptuais relevantes para a discussão das respostas ao problema da moralidade do aborto. Depois apresentaremos e discutiremos os argumentos a favor e contra relevantes. E, finalmente, tomaremos uma posição relativamente ao problema em questão.
O problema da moralidade do aborto e o facto de se tomarem diferentes posições relativas a esta questão não é independente dos problemas conceptuais que se levantam, como, por exemplo, a grande dificuldade que há em responder a perguntas como “O que é um feto?” ou “O que é um ser humano?”.
As definições dadas pelos defensores e pelos críticos do aborto divergem bastante sendo praticamente simétricas: os anti-abortistas defendem que os fetos possuem um certo código genético, característica que é simultaneamente necessária e suficiente para que estes possuam a propriedade de um ser humano; os defensores da posição pró-escolha afirmam que os fetos não são nem agentes racionais nem seres sociais e, como tal, não são seres humanos. Desta forma, a moralidade do aborto depende de se saber se o feto tem ou não estatuto moral, o qual lhe confere o mesmo direito à vida que nós e em virtude do qual será errado pôr fim à sua vida (Cf. D. Marquis, 2005: pp. 127-28).

1 comentário:

Alexandre Almeida disse...

Eu gostava de saber como é que se justifica que todas as pessoas têm direito à vida?